Essa é pra Luíza Helena, uma aluna querida. Ela não acredita que eu sei cozinhar, disse que não consegue me imaginar na cozinha. Talvez porque me ache uma patricinha -- e eu tenho a maior cara de patricinha. Mas a verdade é que na cozinha eu sou um arraso! E também não sou nada modesta. Culpa dos meus pais. Tudo é sempre culpa dos pais (ainda mais hoje que se sabe que quase tudo é genético), e até o fato de eu saber cozinhar é culpa deles.
Bem, mas minha história com a cozinha é longa e vou tentar encurtar, pois o objetivo deste post é só dar uma receita para a Luíza Helena e provar que mesmo as patricinhas põem, literalmente, a mão na massa.
A história começou na infância. Eu sempre fui apaixonada pelo meu pai, desde pequenininha. O meu pai não gostava da comida da minha mãe (com toda a razão) e vivia comparando com a da minha avó (tadinha da mamãe). Então eu, agarrada que era no pai, sempre que podia estava na saia da minha avó, na cozinha da fazenda, observando sua movimentação: a idéia era superá-la na cotação do papai. Ela me deixava ajudar, mas não pude aprender muito. A Vó Nair morreu cedo, quando eu ainda era criança, e criança não chega muito perto de fogão. Mas omelete, bolo, torrada, massa e outras coisinhas bastantes para a sobrevivência eu já sabia fazer sozinha aos oito anos. Aos nove, meus pais se separaram. Eu queria-porque-queria morar com o meu pai, e então, para argumentar, usei o "trunfo" da cozinha: poderia cozinhar omelete pra ele. Mas não adiantou, ele não me levou, pois omelete não seria suficiente para manter um cardápio semanal. Não fiquei tão triste porque, no final das contas, a comida da nova mulher era ainda pior que a da minha mãe, pois depois de separado, e sem a cozinha da vovó, meu pai ainda passou anos almoçando todo dia na nossa casa. Vá entender os adultos... De qualquer forma, a mensagem subliminar foi a plena eficácia do "pegar pela barriga", e daí meu interesse por comida só aumentou.
Inventei poucas coisas na cozinha, meu forte mesmo é copiar. Eu como um negócio fora, gosto, e depois faço em casa, no mínimo igual, mas geralmente faço melhor (não, ninguém adquire modéstia com apenas dois parágrafos). Mas uma coisa que eu mesma inventei, pois nunca vi ou comi fora de casa, é o cheesecake de dulce de leche. Sim, dulce de leche. Não pode ser simplesmente doce de leite: se não for uruguaio, não será dulce de leche. É muito fácil de fazer. A receita consiste, na verdade, em só misturar os ingredientes certos - mas inteligência é fazer as relações certas, certo?! Então, lá vai:
CHEESECAKE DE DULCE DE LECHE
Fundo de torta:
1 pacote de bolacha maria de chocolate
100g (1/2 tablete) de manteiga
Triturar a bolacha no liquidificador e misturar na manteiga com os dedos, até formar uma massa homogênea. Dividir em duas porções: uma para cobrir o fundo de uma assadeira redonda com aro removível. A outra para cobrir as laterais (do aro).
Recheio:
2 potinhos de cream cheese (deixar 1h fora do gelo para amolecer)
1 caixinha de creme de leite
MUITO dulce de leche
Bater bem, com a mão (quer moleza, é?), o cream cheese até ficar lisinho. Misturar o creme de leite. E depois o dulce de leche. Vai botando bastante, sem economizar. Eu gosto do Conaprole (Dulce de Leche con Crema). A hora de parar é pela cor, quando a mistura estiver com cara de creme de dulce de leche, ou simplesmente prove para ver se está a contento - não será nenhum sacrifício. Despejar dentro da massa na forma e levar ao forno pré-aquecido por 20 minutos. Depois de esfriar, levar ao refrigerador por várias horas (se lembrar, deixar meia hora no freezer antes de servir).
Cobertura: Tem duas variações:
1. Calda de chocolate meio amargo derretido dissolvido com um pouquinho de leite.
2. Calda de dulce de leche aquecido com bem pouquinho leite. Bem pouquinho!
Colocar a calda sobre a torta só na hora de servir.
É isso. Tem trezentas mil calorias, mas cada uma delas vale a pena. Juro por Deus. Se a idéia for pegar alguém pela barriga, dou até garantia.
Depois, Luíza Helena, me diz se patricinha não cozinha.
Uau!!! Es liest sich wunder-lecker aus!
ResponderExcluirPor falar em comida, e já que o blog se chama 'me engana que eu gosto", tu viste aquela farsa, digo, propaganda estrelando Alex Atala e um potinho de onde sai uma gosminha que pretende ser um caldo de galinha??? Me engana que eu gosto!!!
Tô adorando o teu blog!
Um beijo.
Adorei esse momento "Ana Maria Braga" do teu blog!!!Meu forte são os Risotos...mas qualquer dia me arrisco nessa receita...que deve ficar ótima!!Só que vou usar o dulce de leche argentino!!!É claro!!!hehehheeeh....não posso desfazer da minha fronteira!!!
ResponderExcluirbjss
Ah, também tive uma PAIxão!!!Pena que ele não está mais por aqui!! Mas é minha estrela guia!!
Fabi, falou e disse! A propaganda do Alex Atala ficaria melhor no quadro "Tudo por dinheiro", acho que era do Sílvio Santos... Era?!
ResponderExcluirPois é Silvana, pensei duas vezes antes de postar o Cheesecake, iria desvirtuar o blog... Mas enfim, essa sou eu, tenho tb o meu lado Ana Maria Braga, como todo mundo normal...
Bjs pra vcs!
Já anotei (mas eu só passo receitas cozinhar realmente não é comigo)!!! Adorooooo cheesecakee!
ResponderExcluirReceita maravilhosa, mas o melhor de tudo, minha querida paraninfa Ana Paula, foi o tapa de luva que deste na Luiza Helena rsrsrs... Bjs, Roseli
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