terça-feira, 7 de setembro de 2010

Lição n. 3: Hobbes Estava Errado, MESMO!

Pobre Hobbes... Achava mesmo que o homem é o inimigo do homem e fez disso o pressuposto para sua construção teórica, que defendia o Absolutismo como a única forma viável de Estado. Quem faz ciência sabe: quando se parte de um pressuposto equivocado, não há teoria que resista.

A demonstração definitiva do erro em seu pressuposto veio dos meus familiares e dos meus amigos. Velhos amigos e novos amigos, que a mim se uniram neste momento tão difícil. As minhas queridas amigas e amigos, os meus vizinhos, os amigos dos meus amigos que nem eram meus amigos mas agora são, a minha turma de mâmis do colégio do meu filho, as professoras, as secretárias e a própria diretora da escola dele, meus colegas professores da faculdade e o próprio Reitor, muitos dos meus alunos... Todas essas pessoas materializaram aquela cláusula contratual, muitas vezes celebrada perante Deus, que diz "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...".

O homem, my dear Hobbes, é o amigo do homem.

Eu recebi numerosas manifestações de solidariedade de pessoas próximas e distantes, e agora quero que todas sejam sempre próximas, na esperança de poder um dia retribuir toda a força que me foi transmitida, toda a energia que me foi presenteada, e todas as preces, promessas e orações que fizeram a Deus para que cuidasse do André, dos seus médicos, e de mim. Recebemos cartões, santinhos, medalhinhas, livrinhos, centenas (sério, centenas!) de emails e SMSs... Uma super-amiga querida fez até com que os jogadores do Inter, em plena concentração, assinassem uma camiseta do time com carinhos e autógrafos para o André. Aos seis aninhos, ele chorou de emoção quando viu a camiseta e começamos a decifrar as assinaturas.

Perguntei: -- Meu mimoso, porque estás chorando? Não gostou?!
Ele devolveu outra pergunta: -- Eu tô muito feliz, mãe. Então porque é que eu tô chorando? 
As lágrimas corriam-lhe a face. Expliquei que, quando a gente fica muito feliz, toda aquela felicidade vai crescendo dentro da gente até ficar bem apertadinha, e lá pelas tantas ela transborda da gente, na lágrima que sai pelo olhinho...

Então, aviso aos meus queridos amigos, companheiros na doença e na tristeza, que já usei os lenços para conter a felicidade, pela recuperação do André e por poder partilhar com vocês, agora, a parte boa do nosso contrato: a saúde e a alegria. Vocês iluminaram o meu momento de escuridão, fizeram do mundo um lugar onde, em plena adversidade, eu me senti amada e confortada. Vocês fazem parte de outra lição sobre a qual vou escrever mais adiante -- a de que Deus existe.

Pensando bem, pobre Hobbes mesmo... Não tinha a minha família e nem os amigos que eu tenho.

Um comentário:

  1. Querida Ana, ou sempre "dinda" as bençãos sempre vem para aqueles que acreditam com muita fé, e nós teu amigos ficamos felizes junto com você. Beijo enorme

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