sexta-feira, 8 de julho de 2011

Eu avisei...

Mulheres adoram dizer: eu avisei... "Eu avisei" representa a confirmação solene daquilo que a gente já sabe, isto é, que a gente sempre tem razão. Desta vez, vou dizer "eu avisei" pra todo mundo com quem eu conversei sobre o episódio envolvendo o Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor do FMI, acusado de ter estuprado a camareira do hotel onde estava hospedado, em Nova Iorque. Por alguma razão que desconheço, muita gente quis a minha opinião sobre o assunto - como se a minha opinião importasse alguma coisa!

De certo pensaram que eu iria me impressionar com a prisão espetacular do acusado, ou com o fato de que, para os norte-americanos, não tem essa de impunidade. Ou então, com o fato de que o sistema americano funciona não só para os ladrões de galinha, mas também, e principalmente, para os ricos... Olha, nada disso me impressionou, pois eu sempre soube que os irmãos do norte não toleram a impunidade como os do sul. O que me impressionou, isso sim, foi a facilidade com que se engoliu a versão divulgada pela imprensa, e por isso eu dizia que eu só acreditaria em tudo depois de provada a acusação. Eu não sou nem um pouco garantista, mas devo reconhecer que o Dominique é o melhor exemplo do quanto se deve levar a sério a presunção da inocência e as outras garantias constitucionais implicadas pelo direito de defesa, pois elas existem não para proteger o safado, e sim para aqueles que, ao fim e ao cabo, foram injustamente acusados.

Dominique não devia ser nenhum santo e, dizem, pagou por um passado sedutor e indiscreto. Mas isso não o torna, automaticamente, o estuprador daquela que o acusou. Desde o início, achei aquela história toda muito estranha e desconfiava de que tudo fosse uma grande armação. Meu colega Guilí é testemunha. Mas minha percepção não se deve a nenhum atributo especial que eu possua, nem inteligência, nem genialidade, nem vidência, nem coisa nenhuma! Eu simplesmente tenho uma mente fértil em matéria de bobagens e me pus a imaginar a cena que corresponderia à versão contada pela suposta vítima daquele ataque sexual. Então, caros leitores, divirtam-se um pouco e imaginem comigo a cena que ela descreveu à polícia: Dominique, 63 anos (63 mas "corpinho" de pelo menos 75), estava tomando banho quando a camareira entrou no quarto. Saiu do banho pelado, com sua bunda branca e seu barrigão todo molhado, e pôs-se a correr atrás da mulher pelo quarto, agarrou-a e obrigou-a a desempenhar sexo oral nele até que ele atingisse o orgasmo. Oui, oui, oui! Muito bizarro... Sabe-se lá quanto tempo leva para um senhor de 63 anos, sem Viagra, atingir o orgasmo, enquanto, desarmado, se esforça para manter a jovem camareira sob "violento" controle e ritmo, ao mesmo tempo em que se concentra para atingir o climax. (Ou então, é tudo verdade e esse cara deve ser um herói!)

Francamente, a cena é hilária, mas o FBI não achou graça. Então queriam me convencer de que a pobrezinha não teve como resistir à terrível ameaça do senhor pelado e grisalho, baixinho e barrigudo, que não é nenhum Stalone, portanto. E de que a prisão cinematográfica não devia ter nada a ver com o fato de Dominique estar liderando as pesquisas para a presidência na França e ser, na condição de diretor do Fundo Monetário Internacional, um dos homens mais poderosos do planeta...

Pois então, não comprei o estupro do Dominique nem por um minuto, simplesmente porque a cena descrita pela vítima parecia altamente inverossímil, era só ter o trabalho de parar e imaginar tudo. E morrer de rir... Pois então, em nada me surpreende esta reviravolta no caso, em que as versões se mostraram insubsistentes e os pagamentos que as sustentavam começaram a aparecer. Eu sei que existe muita violência sexual contra as mulheres e não quero minimizar esta realidade através do meu desdém por este episódio. Mas, como mulher, não me imaginaria muito indefesa diante de um senhor de baixa estatura, cabelos brancos, correndo pelado, molhado e desarmado pelo quarto. E o velho chute no saco, porque ela não usou?!

Que isso sirva de lição aos homens sem critério na hora de buscar satisfação sexual. Vejam o pobre Dominique que, n'importe quoi, já está ferrado. Depois não digam que eu não avisei...