domingo, 7 de novembro de 2010

Paul McCartney em Porto Alegre. E Daí?!

Não. Não mesmo. Eu não vou no show do Paul McCartney. Acho que umas 30 pessoas me perguntaram se eu iria e ficaram desapontadas quando eu disse que não, com a maior cara de desprezo. Eu tenho cara de quem gosta do Paul McCartney? É obrigatório gostar do Paul McCartney só porque ele vem a Porto Alegre? Parece que sim...

Paul McCartney pode ter influenciado a geração da minha mãe. Ela deve ter tido momentos especiais embalados pelo som dos Beatles ou do Paul. Mas da minha infância e juventude, ele não participou minimamente. Eu era uma adolescente comum, sem qualquer sofisticação. Jogava vôlei no União e minha vida se resumia a isso e ao colégio. E claro, sempre que aconteciam, aos “Atlântida Rock Sul Concerts” - que equivaliam ao que hoje é o Planeta Atlântida.

Vai ver o Paul McCartney fazia a cabeça de adolescentes cultos e viajados. Não era o meu caso. Paul não estava em nenhum dos momentos memoráveis do meu passado. Quando penso nesses momentos, estavam lá a minha deusa Madonna, obviamente o U2, o Legião Urbana –muito Legião—, os Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós e até Os Replicantes. Na festa em que eu dei meu primeiro beijo, só lembro de ter tocado Surfista Calhorda, e eu adorava essa música – como disse, eu não era uma adolescente minimamente sofisticada. Depois, o The Cure, o INXS, o U2 de novo e sempre, The Smiths, Talking Heads...

Nunca, nunquinha sintonizei o rádio para ouvir o Paul McCartney e tampouco os Beatles. Eles tocavam as músicas dos “velhos”. Então, tenho dificuldade de entender toda essa entourage que os porto-alegrenses da minha geração estão compondo por conta da vinda do show McCartney...

...A não ser pelo aspecto provinciano desta cidade. Ir no show do Paul McCartney é a "onda" do momento. Na coluna do Roger Lerina (ZH), personalidades vinham dando seus depoimentos sobre o significado do Paul em suas vidas desde o mês passado. Uma delas disse que Porto Alegre finalmente não é mais uma província porque o Paul McCartney dignou-se em vir até aqui. Quer coisa mais provinciana do que esse comentário?! Depois me digam se Porto Alegre não é provinciana (pode ser a província mais querida e amada do mundo, mas é uma província, e ser provinciano não é necessariamente ruim): no principal jornal da cidade, se faz contagem regressiva para o dia D há semanas. Divulgaram todos os quitutes que serão servidos no camarote VIP, o lugarzinho mágico que vai transformar em celebridade todo mundo que pagar para estar lá. A capa da ZH de sexta-feira tinha uma foto de quase meia página, adivinhem de quem?! Não, não era do Paul McCartney, e sim dos primeiros abobados que foram fazer acampamento na fila para o show, que só acontece hoje, domingo. Puxa vida, se isso é notícia digna de capa de jornal, eu não tenho dúvida: estamos bem no meio da província! As únicas coisas nesta cidade que me fazem duvidar de nossa índole provinciana são o Museu do Iberê Camargo e o Brique da Redenção...

Eu compreendo quem sente pelo Paul o que eu sinto pela Madonna ou pelo U2, e espero que eles sintam a mesma adrenalina que eu senti no show da Madonna e aproveitem a magia que é milhares de pessoas entoando, juntos, a mesma canção. Mas faço questão que compreendam meu desprezo por ele, que é um estranho para mim, independentemente de toda a sua notoriedade. Eu simplesmente não vou no show do Paul McCartney, nem sendo no meu amado Gigante da Beira-Rio.

Este é o blog politicamente incorreto e, para quem acha que eu peguei pesado, um consolo. O castigo vem à galope: na semana que vem, terei que levar meus filhos ao show dos Jonas Brothers, no Gigantinho...

É... Aqui se fala, aqui se paga!

6 comentários:

  1. Ana Paula! Há dias eu vinha contando pro Paul fazer logo seu show...e partir! Só assim a RBS me deixaria viver em paz nesta província escaldante (e que eu adoro, apesar dos porto-alegrenses). Pois ao contrário de ti, eu sempre adorei os Beatles. Veja bem, os Beatles. E depois de adulta, descobri o George (Harrison, me sinto íntima e pra mim ele é só George mesmo), o mais genial dos quatro. Então minha cara capricorniana(wie ich), me cabe, mais uma vez, te prestar toda minha solidariedade! Amei teu texto! Um grande beijo.

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  2. Fabi, acredite se quiser, mas pensei em ti quando escrevi a parte que diz respeito à nossa índole provinciana! E hoje estava lá na ZH: "Porto Alegre não é mais a mesma: Nossa história deve ser escrita a.P. e d.P." (antes de Paul e depois de Paul).
    Então, minha amiga, fica tranquila: d.P., não somos mais província! kkkkk!
    Bjs!

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  3. Querida disse tudo, não aguento mais ficar tendo que dar explicações, no meu caso desisti na última hora, por não ter ido ver o sir Paul e sim ter preferido ficar na piscina com os meus filhotes a ter q ficar horas em pé p ver o "grande espetáculo".
    ok ele é um grande músico mas tbem não faz parte das minhas preferências musicais, arrependimento sim eu tenho de não ter ido ao show da Madonna ou do U2,ídolos da minha juventude, mas não fiquei nem um pouquinho arrependida de ter desistido, alías a minha irmã ficou bem feliz em ir no meu lugar então bye bye sir Paul......
    Beijão Ale

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  4. interessante seu ponto de vista, talvez o pessoal exagere na expectativa do show, e eu apesar de ter ido no show e ser um fanático pelos beatles não gosto tb de pessoas que acham que todo mundo deve gostar de seu gosto musical, assim como vc falou o gosto musical faz parte de nossa criação, eu fui incentivado pelo meu irmão a escutar rock, beatles, led, pink floyd etc

    mas que o paul é uma lenda viva da musica isso ele é!! hehehe

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  5. EU GOSTO MUITO DOS BEATLES,ACHO TAMBEM QUE O PAUL MCCRTNEY É OS BEATLES MAS O MEU PASSADO FOI SEMPRE OUVINDO O ETERNO MARAVILHOSO AMOR DA MINHA VIDA MICHAEL JACKSON E ACHO TAMBEM QUE O PAUL FOI UM POUCO "COBRA" COM O MIKE,MAS ISSO NÃO TIRA OS SEUS MERITOS DO GRANDE ARTISTA MAIS PARA MIM O MICHAEL SEMPRE FEZ PARTE DA MINHA VIDA DESDE OS 12 ANOS DE IDADE AGORA TENHO 31 ANOS.SAUDADESSSSSSSSS.

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  6. Perfeito! Muito embora tenha sido um adolescente chato (ok: um adulto igualmente chato! rss), que adorava (continuo adorando) MPB, Jazz e Led Zeppelin, Legião, sempre guardei certa admiração pelo "Paulinho". Mas o exagero, "talvez" pela necessidade de promover o evento, foi .... olha: nem com Plasil!
    Pobre "Paulinho", cheguei a odiá-lo.

    Triste foi ver o pessoal fazendo download das músicas e declarando-se, muitas vezes antes do download completar, eternamente embalados pelo Beatle sobrevivente. Help!!!!

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